Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Lembrancas suas...

Na infância do meu passado cego
Vestiu-se toda presença do ventre renegado.
Sempre observado pelo desespero que me guia.
Vi-me coberto por manto negro,
Com sombras pálidas, minha alma sufocada.

Lembra-me do fato em que confundi
O triste pelo alegre - vivido de forma desordenada
E convulsiva da intolerância
Das lágrimas.

Estas lembravam um museu;
Onde cada uma derramada
Mostrava-me mais e mais
Os sonhos já vividos e mal lembrados.

Esqueço-me da poesia
A fim de lembrar-me dos pecados,
Do verde-negro,
Do negro-vermelho,
Do triste caminho e de você.

(Ismael Júnior, 2005).

Lacos escondidos.

Joguei para o alto a lembrança do amanhã.
Fiz-me de vela para acender o passado.
Abracei as estrelas como se mordesse cacto.
Feri minh’alma com um punhado de areia.

Sabendo que, do grande rio que parei na beira,
Apenas lágrimas eu pescaria.
Apenas de escuridão, meus olhos se encheriam.
Toda a parte que havia destruído, voltada para o espaço.

Terra de sombras sem luz -

Assim também, os meus pés e o meu desejo
Levando a todo o infinito perturbado
A cadeia de desejos

Pelo qual o homem sempre lembrará.
Mesmo no medo,
Na fraqueza ou no sonho encantador.

(Ismael Júnior , 2005).

Ilusoes...

E a chuva como pregos em minhas costas,
Ardendo feito fogo, relâmpagos,
Soluços, deixa-me mais que bêbado.

A dor que de mim exala
Derrama da face molhada
A loucura que agita a mente,
Traz ao fundo a melancolia,
A doença que me guia,
Julga e castiga.

Esse é meu anjo que, mesmo no espanto,
Consegue me manter na dor.

Oh! Que dor.

Transpira em meu peito
E mastiga o desejo que inconscientemente
Transforma a agonia
Num simples contentamento

Da orgia que aparece no fruto da alma,
Na carência do sexo,
No desejo da carne
Onde mais busco a solidez da vida.

E de tão cego contento-me
Com os raios, com os relâmpagos,
Com o amor e o álcool.

(Ismael Júnior, 05/07/05).

Um pequeno pedaco do seu mundo.

Falo aquilo que não sei,
Ouço muito o que não digo,
Imagino coisas que não faço,
Sobrevivo a tudo que personifico.

Não me envergonha dizer que sou mudo;
Sequer então surdo.
Dá no mesmo.
E mesmo sem poder fazer aquilo que mereço
Choro lamentando os vícios desumanos.

Caprichos dos sonhos?
Marchas de loucuras?
Brenhas entre letras?
Luzes entre o negro?

Faço aquilo que imagino,
Tenho tudo que procuro.
Mesmo me sentindo vazio
Nunca tive nessa vida senão
Um pequeno pedaço do seu mundo.

(Ismael Júnior, 30/05/2008).

Entre a alma e os escombros do passado.

Os Santos olhos em meus ombros
Trás certezas que o lado escuro e bêbado
Serve de sermão para o triste ser absorvido
Entre a alma e os escombros do passado.

Sendo assim uma pequena pureza,
Entre sopros de veneno e mordidas
De delírio, entre o sôfrego engano
E o cósmico lugúbrio da tristeza áspera
Que arrepia com destreza o doce ser.

O simples olho de misericórdia
Dentro do pequeno mundo de discórdia
Das certezas e incertezas do óbvio.

Que ilumina a morbidez da clareza,
A tristeza do sorriso no algoz da fereza
De ombros largos e pesados de escárnios.

(Ismael Júnior, 29/07/08)

Em teus bracos estarei a delirar... sonhar.


Vejo a morte em meu ombro lamentar.
Quantas vezes em teus braços hei de estar?
Sinto em teus lábios meu nome desejar
E de repente nos ouvidos sussurrar.

Continuo parado e a noite pensa em me jogar.
Em teus braços estarei a delirar... sonhar.
Compor sem medo para o teu mundo encantar.
Entrar no inferno e sentir o enxofre no ar.

Sentir o fogo que em mim agora está
Queimando para as trevas agradar.
Sorrir irônico e o teu corpo devorar.

O ódio que de lá irei somar, inundará
Meu corpo de chamas e na vida lembrar
Que a morte anseia em me chamar.

(Ismael Júnior, 13/09/2005).

Em mil cantos e cem poesias.

Por rios largos, olhos profundos,
A loucura caminha por ti, absurdo!!
Pandora, carne imunda, dor nos olhos,
Pequena parte da atmosfera do submundo.

Nessa mesma arte, dessa mesma crença
Cresce meu eu - violento, demente, suicida.
Morrem todos - por pura ilusão da vida -
Em mil cantos e cem poesias,

Em dez pés e doze moléstias...
Vive eu. Vivo como criatura
De olhos largos e boca carnuda.

E na noite sonhas tu, que derramas
Da própria lente, o beijo ardente
Do prazer, da loucura, do terror.

(Ismael Júnior, 12/08/05).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...