Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

E assim continua nossa sina...

E assim continua nossa sina.
A maldade do álcool, a carência da companhia.
A crueldade tão sujeita a momentos de podridão
Das palavras, das fronteiras da escuridão.

São apenas os olhos que me dizem o encanto,
Como pranto, mergulham petrificados em minh’alma.
E tão solitária e tão concreta, que da profundidade
Do meu terror, acaba-se nos braços das libélulas.

Mais uma criatura que à sombra me liberta
Do consumo, do tormento das suas doenças.
Não... Não será tão profana. Sim, obscena.

Sim... Problema para a desaceleração do pulso,
Para a palidez da alma e do coração - tão duro
Como a pedra imagética da minha solidão.


(Ismael Júnior, 28/07/05).

Dias e noites

As noites de tormento sobrevoam minha áurea
E me enganam como morcegos ao sol.
Trazem vozes, choros, pesadelos.
Penumbram o meu estado,
Carregam a minha sombra
E mostram às estrelas o meu sangue.

Nelas vejo arco-íris, cores - não sei.
Trazem chuva - de sonhos – devastadora.

O corpo talvez não saiba:
Para cada vela, um enfermo;
Para cada luz, uma lágrima.

Subindo as escadas – pálidas -
Mostrarei-lhe o sonho do entardecer.

Se a música me mostrasse
Hoje, o canto para a morte,
Faria-me alegrar o sonho
De poder lutar contra a dor,
Ou talvez devolvesse
O ódio, a carência e a peste
Que se veste nos meus olhos
Toda vez que vejo o amanhecer.

Não!!! Todas essas luzes...

Sei que ele virá e me abraçará
Com toda a sua solidão,
Olhando para mim como se fosse eterna.
Murchando meu ser, demonstrando leveza
E matando-me de angústia.
Por mais uma vez...
Empurrando-me para a loucura.


(Ismael Júnior, 05/11/03 ).

Destino amargo

Sufoco-me em teu grande ar negro,
Fingido atrás do teu amargo sorriso,
Carrega em tua armadura apenas um entardecer.
E das cinzas que me fizera viver
Mostra-me toda tua mais linda reluzência.

Claro que não negro;
Vivo que mais estarrecido pútrido.

Magos, mandastes da vida,
trastejando em nossos ouvidos,
Longas sinfonias para o esquecimento.
A queda, em teu melhor destino.
Oh! Morte, nosso impuro fim.

Das trevas, dos pesadelos, dos cânticos
Que mais breve do infinito.
Infinitos belos passos, gelados sonhos tristes,
Por conseqüência atropelada
Pela bondade do olhar delicado

- trágico em seus gritos de agonia.

Conselho teu para com o amor
Deturpado, emudecido,
Sempre preso a meus lábios,
Ressecados a teu abandono,
A falta do teu consumo...

Este é o fim. Ele sim,
Todos são o que espera.

Não me arrastarei.
Lutarei, sangrarei,
Levarei o fogo para glorificar o teu caminho
E possas soprar ao meu ouvido
O teu último gemido de dor.


(Ismael Júnior )

Corro, deito... mas não sinto.

Devora-me, oh! sopro da aurora,
Não me cansas vê-la tão próxima.
Com serpentes, com corrente,
Solitária como serpente.

De dormente o peito chama
Minhas mãos a afagar a cama.
Os espinhos abrem fissuras,
Derramam taças de amarguras.

E as lágrimas em minha mão?
São torrentes ou afluentes?
São sonhos ou ilusão?

Na cabeça, o desejo contamina.
Na boca, a saliva enche a rima.
Nos olhos, a cegueira me destrói.


(Ismael Júnior, 11/07/05).

Conto descontente

Por entre trevas que os meus olhos se escondem,
Mostro-lhe a face da profana criatura
Que alimenta a minha ira
Entre seios ensangüentados.

Arranco do meu espírito, que segue por ninhos,
Buscando a morte ao sonho;
A vida, ao desprezo.
Entre cantos com que lida - e desfaz -

Vaga contemplando os cegos,
Vive louvando luxúrias.
Faz da loucura, a arma;
Produz do sangue, o seu império.

Da vida, a desgraça.
Por negros olhos estarrecidos.
Os mandamentos que me seguem, de inércia sobrevive.
Proliferando traumas e dando continuidade aos cleros.

Prepare-se, pois é a escuridão que vai enfrentar.
E saberá a saída da aliança,
Pois a morte não será a realidade.


(Ismael Júnior, ... )

Cegas dores em teus braços descançam

Onde olhos meus te acalentam,
Cegas dores em teus braços descansam.
Hediondas – grosseiras vozes da loucura
Na profunda melancolia te afundas.

Então o Calígula, em mim, assombra
E derrama em teu corpo de pele branda
A comida da mente que levanta
O deserto, a morte, as areias
Dos meus olhos que te cegam.

As loucuras - desfeitas faces da espera,
Por todas as noites, nas vozes, nos gritos,
Na fera consumindo a risos
O largo dorso da profana.

E meu peito devastado
Sobre o pequeno pulso dilatado,
Jorra o impuro sangue de princesa -
O louco sabor do pecado.


(Ismael Júnior, 20/06/05).

Cega lembrança

Alvo das sombras, guerreiro das luzes,
Onipotente servo dos lares obcecado por lucidez submissa.
O lar do desespero venera por prazer da carne
Para satisfazer a vergonha,
Para derramar sua desilusão.

Arraste-me para seu lado,
Leve-me ao encontro do seu mundo,
Mostre-me a carne imunda que carrega para a terra,
O fogo que leva para sua esperança,
A sombra que o eleva do medo.

Falas que o guiam pelo corpo e o destrói
Com seu passado.
Trevas que reinam em seus castelos,
Ódio que o persegue nos céus.

Quero a cega lembrança
Ao seu martírio a fim de mostrar-lhe
O que de mais valioso existe em seu trono.

(Ismael Júnior, ... ).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...