Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Lágrimas e solidão.

Meus olhos, mesmo cansados,
Não esquecem da ternura eloqüente.
Da beleza eternizada no semblante
Desta fera que desola confortado.

Sempre nua em distantes pensamentos.
Sempre lúcida da loucura que persegues.
Sempre cósmica em tuas vestes que te segues...
Sempre cética em meu berço de contentamentos.

Nunca corre dos meus olhos delirantes.
Nunca muda os teus gestos envolventes.
Nunca mentes as loucuras recitadas.

Quero sempre, nunca muda,
Sempre minha, nunca fujas,
Desta fera, sempre sua.

(Ismael Júnior, 07/12/2005).

“Eu, droga...”

Sempre foram esses sonhos
Podres, loucos, traidores.
Sempre foram os meus medos,
Quase murmurados entre os meus dedos
Que sempre buscaram a sede do seu prazer.

Louco – sonhos ou eu? – mundo meu.
Parece com seus sonhos mudos, loucos.
E eu, como gelo, claro, frio; com medo:
Do sol,do dia,
Da noite e de você.

Eu sou forte. Eu lamento,
Eu choro, eu brigo. Eu, droga...
Feito bárbaro, feito bobo.
Podre como sóbrio, nu como mórbido.
Parem aquela música - seja dor, seja doença.

Eu não canto para o mundo,
Não sopro para o futuro.
Eu morri no seu pranto,
Eu vivi no seu espanto,
Eu tremi no seu gemido.

Você é trúcida, lúcida,
É verdadeira, mente quase derradeira.
Resta a mim apreciar a saliva,
Beijar a terra e viver na minha cripta.


(Ismael Júnior, 21/04/05)

E um dia, veio Sônia...

Pareceu-me tão singela, branda, endeusada.
Pareceu-me tão isolada e mergulhada na estrada.
Parecia tão cravada no seu trato, no seu pacto.
Pareciam recitados - os teus traços por canção bela e gótica.

Apareci pensando em um pouco de acaso.
Aprofundei-me imaginando ser apenas cansaço,
E depois me deparei com a meiguice e o contato.
Fiquei triste, louco, enganado e alegre por ser algo.

Não por completo, mas por contemplado.
Sabendo que aquele olhar, em meu mundo abstrato,
Tornaria-se a maior paixão do meu corvário.

Trouxe de tudo, aquele profundo gosto.
O meu empoeirado mausoléu
Fechou de vez o nosso espaço.


(Ismael Júnior, 12/08/05).

Lúgubre

Pareces com a voz do passado, respondendo
Preces do canto escuro dos meus olhos.
Procuras coisas, pessoas, defuntos atentos
Nas mordidas dos bichos devorando o espírito

Manchado de negro. Os teus desejos enterrados
Entre flores, lamentos, ironias, blasfêmias. Oculto!
Na noite, respondes feito loba
Às minhas dores surdas nas paredes dessa tumba.

Cala meus sentidos, veste meus inimigos
Com cal, cimento, calúnia e silêncio.
Não te vejo morder as palavras que na vida
Alimentaram minha alma, cobriram gestos

E fecharam a boca roxa, rachada e amordaçada.
Deitei-me para ti. Com olhos fechados, contemplo
O tempo, o esquecimento dos teus olhos.
Colherei mais sonhos, apreciarei atormentado,

Em tuas lágrimas, teus belos traços
- As curvas do teu rosto, tua boca sedutora.
E, em teu olhar sugestivo,
Mergulharei na terra para ser esquecido.



(Ismael Júnior, 13/09/2005).

Se o meu amor cantasse...

Se o meu amor cantasse, e me fizesse chorar...
Se o meu amor chorasse, e me fizesse lamentar...
Se o meu amor sentisse, e me deixasse de lado...
Se o meu amor deitasse, e me deixasse aquecido...

Me fazendo solitário, se o meu amor fugisse...
Me deixasse amordaçado, se o meu amor chorasse...
Me trazendo esperança, se o meu amor sentisse...
Me levando desespero, se o meu amor despertasse...

Se cantasse e fizesse-me chorar...
Se chorasse e fizesse-me lembrar...
Se sentisse e deixasse-me de lado...

Seria um morto disfarçado pela doença.
Teria a vida acabada pela noite e a bebida.
Mendigaria entre a inexperiência e a covardia.

Agradeceria ao amor por me manter apaixonado.
Viajaria por todo o deserto infinito...
Passaria da miserável caretice à rebeldia.
Então, chamaria o amor e mostraria o meu vício:
A sofreguidão das noites e dos meus dias.


(Ismael Júnior, 02/08/05 ).

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A batalha dos olhos contra a escuridão


“A batalha dos olhos contra a escuridão”


Tive que negar para não ser julgado.
Passei por pensamentos fracos.
E mudo, sobrevivi à queda.

Não pude socorrer o óbvio
Para satisfazer a liberdade.
Todo aprendizado me trouxe de volta.

Nada atormentador hoje me ofusca.
O que mais sufoco traz dor.
Aquele que acredita
Em um coração depressivo
Chora com a glória e com a dor.

Sofro por não poder trazer
A sombra que me deu caminho,
Os traços que me envolveram de desprezo,
Os olhos que me deram desgraça.

Hoje me julga com lágrimas e esquecimento.
Sempre que pensar em morte
Lembrarei da vingança,
Da grande batalha,
Do grande sofrimento
Por um dia tê-la vencido.


(Ismael Júnior, ).

O monstro da tragédia da alma


“O monstro da tragédia da alma”

Sem apagar os pedaços dos ventos,
Com poder de abraçar a alma dos tempos,
Pode-se ver no instante – que instante doloroso –
A dormente cor da transformação.

O triste aparecimento do show da tragédia moribunda.
Oh dor da alma! Por onde andas?
O concerto trouxe vida, mas o monstro as roubou.
Ele está de volta.

Quem entre nós terá a sorte,
Talvez o prazer de,
Em cima do muro,
Devorar a visão da alma?

Será agora e por tanto tempo
Na mente ou na droga.

Rasgou-se o corpo, abriu-se o rio -
Correntes de sonhos.
Morreu algo, o vento anunciou
Que o monstro aparecerá
Maquinário, soberbo – sentes o cheiro?

E o monstro – pareceu-me suado –
Em nossos sonhos deslizou,
Levou o conto
E arrastou-se para o escuro,
Sem palavras,
Com vida,
Sem amor.


(Ismael Júnior, 10/03/2005 ).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...