Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Sofro, sinto, padeco, cego, morro.


A Lua cobre minha tristeza, e descobre minha alma.
Sofro, sinto, padeço, cego, morro.
Esconde o rosto por semanas e não vejo seu brilho.
Tem na mão o que de belo planto na escuridão.

Não deixarei esta grande lua me devorar.
Sinto nas noites o que meus olhos ainda hão de enxergar.
Um grito lírico que saliva irei gastar.
Seja por desejo, seja por delírio ao te encontrar.

Enterrar-me-ei nas noites sem ti; nas trevas,
Não poderei ir. Quero da tua lucidez degustar;
Da beleza, apreciar; e da distancia, delirar

Nos braços bravos seguros pelos cantos.
Mesmo sem acalanto, rezo para em meu pranto
Enxergar a luz que nas noites segue a me olhar.

(Ismael Júnior, 13/08/2005).

Sim, sou eu...

Surgindo daquele mundo nada pode ser tão singular
Quanto a passagem pelo esquecimento -
Desprezo voluntário.

A dor, congelada em seu peito,
Distingue aflições
Pelo ardor da nostalgia.
O sonho se transforma em pesadelo
E desfila pelo labirinto da solidão.

O medo que carrega, leva-o a
Buscar caminhos mal entendidos e
O segredo violado existente em seu peito -
Contorce todas as pedras da construção
Desse mundo acabado.

Se soubesse,
Não cairía nos braços da tristeza,
Viveria nas praias do esquecimento
Buscando a entrada para o castelo
De gelo, perdido em seu peito
No último dia do contentamento
Da verdadeira aflição corrente em seu corpo.

Talvez fosse singelo. Puro acaso.
Não sabe a diferença de ser ou não?
Sempre quis nuvens, alturas, lagos profundos
E mortos; agora, nada é tão morto
Quanto o seu próprio olhar.

(Ismael Júnior, 1998).

Sendo apenas a lembranca do abominavel escurecer...


Oh! Que triste esse coração meu.
Por motivo não sei; por natureza, talvez.
Vendo por uma amargura quase demolidora,
Sob pena de um demasiado fundo de desesperança.

Sendo apenas a lembrança do abominável escurecer,
Que envolve as amalgamas do pesar atrócito.
Do pensamento mórbido dissolvido no calor da lua,
Ou na frieza da escuridão. Tanta sordidez...

Vai! Vai batendo os passos a estalos abomináveis,
Mas como marca passo, arranca até a ferida,
Onde no seu movimento acelera a decadência do ser,
Simplesmente por natureza viva; morta; mortiz;

Atroz; sórdido; pelos tantos meios o coração não teria
Discernimento capaz de avassalar até mesmo
O sentimento de dor; por ser maior e demonstrar,

Mesmo na solidão, a unidade não ultrapassa
 A palidez da batida dolorosa que poderia passar
O corpo em que esse coração tenta todas as noites
Estourar os limites da batida que a dor possa carregar.

(Ismael Júnior, 21/06/08).

Tanto quanto louco posso ser quando a luz o olho abandona...

Sempre tive medo de ser! O que não diz o motivo de viver.
Vivo, pois sempre invento motivos, mas nem todos convencem o medo.
Sonho aos prantos e dores, é a melhor hora para se ter noção.
Caio no mundo feito pedra, na terra, sem movimento, sem melancolias,
Sombras e escuridão. Tão quanto velho seja este mundo
Tão mórbido e obscuro que comungo a existência desta fera.

Onde os olhos como esferas ofuscam a luz da inexistência
Quando o belo em trevas revela a única forma de alegria;
Que do olfato e da ousadia a luz do toque anuncia
Quanto belo posso ser quando a luz a tudo transforma;
Quanto belo posso ter quando a luz ao fim desloca;
Tanto quanto louco posso ser quando a luz o olho abandona.

Tanto quanto encantado posso ser quando a escuridão a mim demonstra
O belo passo abstrato da figura negra do acaso.
Afundando em sombras para ser pedaço do infinito.
Infinito este negro, que de trevas, beleza e esperança,
Sobrevivo para ser à sombra do belo vulto que levanta.

(Ismael Júnior, 18/10/2010).

Nao me falta a coragem e afundo na saudade...

Sei que ando triste, louco ou perdido.
Não sei o exato que em mim existe, mas sei
Que no vento profundo que faz abrir o longo sorriso,
Que existe a extremidade do sonho, do banquete.

E que sairá do meu próprio esforço, o sabor
Do vinho da liberdade, aquela mesma
Do coração sozinho. Que venha então o conhaque!
Não me falta coragem e afundo na saudade.

Não tenho lágrimas para lamentar.
Restam as palavras, cegas, doentias...
Próximo das críticas, e por incrível que existam
As minhas mãos na areia se degladiam

Com medo de morrer na terra fria,
Sonham com o amor que neles habitam.
Na areia vão somente os depreciadores
Da ansiedade de carne e do poder de rebeldia.

(Ismael Júnior, 13/08/05).

Se olhar para traz...

Para os grandes laços entranhados
Outrora devorados – dor e ódio –
Vazios pela ingenuidade.
Que da luz,
Silhuetas que nos levam à união
Do coração, da amplidão
Dentro das cadeias imaginárias.

Oh! Que loucura desafinada.

Um dia tão humana...
Com a fé nos braços acolhedores
De sépalas tão profundas,
De escamas tão brilhantes.
Animal, vegetal ... Vegetando.
Translúcidas mudanças escorregam
Pela garganta - mortas esperanças – fúteis, arrogantes.

E um dia chegaria a alegria a espera da devastação,
Afogam a mão em poder da obsessão.
Quero paz – velório silencioso de flores –
E hipocrisia – machado cortante de velas e sangue.
Sopro constante que apaga o calor da alma
Colonizando e espancando – o medo –
O dorso curto da criatura doce, livre.

 Seja talvez pela angústia
Que será forte – concreta e abominável.

Trouxeram-me de volta... O mundo vive,
Que mentira tão cristalina, onde meus ouvidos,
Como pétalas ao vento,
Sentindo...
Essa maestria dos sentimentos
Fazendo-me sofrer,
Nadar às cegas. E depois olhar para traz.
                                       
(Ismael Júnior, 26/03/05).

Se a minha falta pudesse ser em palavras...

Se a minha falta pudesse ser em palavras
A minha forte ira contra a falta de coragem
Muda no meu peito como bicho mudo
Devorador de carne do pútrido e do defunto,

Maltrataria o pensamento negro que habita
O meu corpo de pobre compaixão com a podre terra
Que morde sem perdão e grita o meu nome.

Oh, criatura eremita, o que da carne vomitas?
O meu ódio continua a esterelizar, escumungar.
A beleza que em teu locule incesto te condena

E mata as pequenas criaturas na tua fremência
Demasiada e inconseqüentemente mostrada
Na pele, na alma do teu corpo e no sêmen.

(Ismael Júnior, 28/07/05).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...