Queria eu estar na pele tua.
Mergulhar no sangue, sentir tuas curvas.
Provar teu prato, desviar-me das fissuras.
Mutuar com teus desejos, toda minha loucura.
Pactuar das veias verdadeiras provas
Dos anseios revoltosos de injúria...
Que sonhos tão abstratos e cheios de luxúrias!
Deixa o meu pranto soltar teu arco de ventura
Não mais na carne tua.
Sentirei a bela melodia
Que do meu ego se sabia, não agia...
Morreu no corredor, beijou tua brandura,
Desejou teu consolo, desviou na desventura.
Sempre esteve ao lado teu, uma pequena criatura:
De longe era rosa; no outono, ruptura;
Abria o coração e mostrava-se deusa nua.
Então desejei o desejo do pecado.
Mergulhei em teu gozo e entreguei-me
Ao teu prazer. Provei o inesperado
E explicável. E eu, vedado, velado.
(Ismael Júnior, 12/08/05).