Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Queria eu estar na pele tua..

Queria eu estar na pele tua.
Mergulhar no sangue, sentir tuas curvas.
Provar teu prato, desviar-me das fissuras.
Mutuar com teus desejos, toda minha loucura.

Pactuar das veias verdadeiras provas
Dos anseios revoltosos de injúria...
Que sonhos tão abstratos e cheios de luxúrias!
Deixa o meu pranto soltar teu arco de ventura

Não mais na carne tua.
Sentirei a bela melodia
Que do meu ego se sabia, não agia...
Morreu no corredor, beijou tua brandura,

Desejou teu consolo, desviou na desventura.
Sempre esteve ao lado teu, uma pequena criatura:
De longe era rosa; no outono, ruptura;
Abria o coração e mostrava-se deusa nua.

Então desejei o desejo do pecado.
Mergulhei em teu gozo e entreguei-me
Ao teu prazer. Provei o inesperado
E explicável. E eu, vedado, velado.

(Ismael Júnior, 12/08/05).

Que morra tudo! Eu, meu jardim, meu desespero, minha dor.

Essa é a verdade que não consigo encarar!
Porque tantas dúvidas quando penso que o medo se foi?
As marafonas me perseguem, mesmo sem alento
Viajando pelos lábios que não conseguem movimento.

Soltando gritos que não sei de onde a calvária pode tirar.
A não ser do túmulo, já que o amor torna-me parte dela,
E mesmo enxergando o corpo estirado não consigo sentir
A terra fria sobre ele. Não consigo trazer você de volta,

E uma tormenta em desvairamento, um decair de tudo da cabeça.
Que cabeça? Esse pedaço do corpo já não pensa.
Que sofrimento!! E onde consigo fazer essas lembranças?
O que escolher? Dor ou sofrimento? Sofrimento ou dor?

O álcool será não a solidão, mas o medo do sofrimento.
E quando penso em ser forte o dia acaba com toda essa covardia;
Trazendo fantoches para mostrar que o nada é tudo.
Tudo aquilo que os fracos se emocionam.

Que morra tudo! Eu, meu jardim, meu desespero, minha dor.
Mas que reine o meu desejo solitário que com toda sua sabedoria
Trouxe-me as palavras para que pudesse morrer encantado.
Não com o meu amor, mas com a minha infantil imaginação.

(Ismael Júnior, 16/06/08).

Porque nao vejo a lua como vejo a ti...

Por que não vejo a lua como vejo a ti?
Será a sede, os teus olhos ou o teu sorriso?
Será a fome, o feitiço ou simplesmente um ser
Que das trevas, na lua, nas ruas, no sorriso...

Tinha um gosto amargo, suado, desgovernado.
Me arrastando para o foco do pecado, do devasso
Isolamento de um mundo, talvez, solitário.
Por que na lua não vejo o prazer?

Apenas tu, mais bela que ela,
Mais linda que a rainha das noites.
O mais triste dos açoites.
Queria eu ser nuvem, para em teu céu
Cruzar tua fronte de deusa do horizonte.

Quero lançar-me num mundo distante,
Beijar tua boca e arrastar-te para a fonte.
Obscura criatura que me revestes. E quem?
Quem pode conter esta fera? Parar?

Parem!
Pensar?

Por onde pararei para lembrar desta Abigail?
Por que te vestes na noite para me olhar?
E pensar em teus lábios, teus traços, teu sorriso,
Olhos e boca de brilho imenso.

E meus olhos no peito desejado
Da alma do meu compasso, olhos nos olhos
Do teu berço por mim ansiado.
E se eu morrer? A morte talvez me desse
O teu colo, os seios e o berço tão aclamados.

O sangue derramado não me faria um derrotado.
Apenas mais um sonho de uma louca mulher
De pensamentos e coragem por mim almejados.

Será tão pouco... a lua não verei por
Toda a noite, mas em teus braços quero
Ver a eternidade da fatalidade e do amor.
                
(Ismael Júnior, 20/07/05).

Perante o insulto ou diante da faca...

Quanto cego talvez seja eu,
Verme qualificado de desgraça
Perante o mau dizer das carcaças
Que nada tem a temer da terra.

E nada a lamentar da desgraça
Mesmo com pútrido ambiente
Não deixa de ser o mesmo canalha
Diante da morte ou da mordaça.

Perante o insulto ou diante da faca.
E mesmo perdido na morte
Não trago no coração a falta
De ódio, de vingança e de trapaça.

Onde posso tudo! Como no sonho
Que encarrega-me de dizer o que passa
Na tua vida, na minha lembrança
E na minha caminhada para a esperança
De algo triste que minha vida sempre afronta.

(Ismael Júnior, meados de 2008).

Para que a terra o enriqueca de lembrancas de desvelo...

Quão podre somos quando o amor à carne abandona.
O calor do corpo desaparece entre a suadeira
E toda aquela carne até então lisa, ríspida,
Transformasse na mais perfeita putrefação da vida.

A morte consome de forma absoluta tudo que desvirila
Sobre o monte da carniça que nosso cérebro sustenta.
Entre os bichos a comer aquela enorme ferida
Deixa apenas a carcaça, vazia, sem lembranças e marcas
Da trajana criatura do mundo dos entregados.

É uma visão tão avassaladora que os olhos choram.
Sobreviverei a aquela carniça, deixando no rosto dos outros
Uma impressão de nojo, mesmo vendo o tosco corpo seu
Em estado que tal bichos também devorarão, sem ódio
Ou vingança, aquela carne branca, cosmicida e sem alma,

Para que a terra o enriqueça de lembranças e desvelo
De tudo aquilo que pensam e para tudo aquilo que lutam
Imaginando não acreditar que o seu corpo um dia
Não estará por traz de toda a orgia que os bichos encaram
Aquela bela massa.

(Ismael júnior, 09/06/08).

A dor e os meus prantos para o mundo...

Meus planos são encantos da mão
Pesada na pele da selvagem mente repugnante.
Atalha o sofrimento de teu ombro maltratado.
Amordaça tua alma de tamanho absurdo.

Farei súplicas para o pesar de o meu pensar.
Mande sobre minha sombra o poder da desbravura,
Apunhala-me pelas costas, no lado do coração,
A fim de que os olhos não acompanhem esta ação.

E a mão não sinta a presença do teu corpo
Empoeirado e desveloso, protegido pelo atrocido
Colapso nervoso.  Tua boca seca de colosso,
Acorda meus sonhos enganosos, encerados;

Encenas a dança da morte para o corpo.
Aos poucos, acordo e trago
A dor e os meus prantos para o mundo.
E sobre as costelas – escadas dos meus sonhos,
Introduzes no coração teus encantos e volúpias,
Teus gemidos de injúrias e poderes de observação.

Observo o fruto gerado da tua árvore
Cheia de galhos, mortes, espinhos e ninhos
Aveludados, empalidecidos – bizarros berços de tristeza.

Meus planos não mais encantam. São pedras
Perdidas nas profundezas da minha lembrança,
Substituída pelo mórbido pensamento de desilusão:

Inocência e culpa, do mundo que imagino - sem vida,
Sem traços, opaco. E a cidade onde cresci
Agora me veste, enfraquece-me de dor e culpa.

(Ismael Júnior, 02/08/05).

Olhos vermelhos.


Essa doce corrente de chamas –
Olhos vermelhos na minha brandura.
Desliza entre becos côncavos,
Devora-me da carne para dentro.

Nestes pés carbonizados,
Livres do cansaço; no retardo
Da batida do coração inspirado
Pelo fogo do teu corpo desvairado.

Chegaram as cinzas, lindas,
Do meu corpo entre pedaços,
Mais negros que os gatos

Perdidos nos telhados,
Vendo as chamas rompendo -
O meu corpo e o teu pecado.

(Ismael Júnior, 14/06/05).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...