Por que não vejo a lua como vejo a ti?
Será a sede, os teus olhos ou o teu sorriso?
Será a fome, o feitiço ou simplesmente um ser
Que das trevas, na lua, nas ruas, no sorriso...
Tinha um gosto amargo, suado, desgovernado.
Me arrastando para o foco do pecado, do devasso
Isolamento de um mundo, talvez, solitário.
Por que na lua não vejo o prazer?
Apenas tu, mais bela que ela,
Mais linda que a rainha das noites.
O mais triste dos açoites.
Queria eu ser nuvem, para em teu céu
Cruzar tua fronte de deusa do horizonte.
Quero lançar-me num mundo distante,
Beijar tua boca e arrastar-te para a fonte.
Obscura criatura que me revestes. E quem?
Quem pode conter esta fera? Parar?
Parem!
Pensar?
Por onde pararei para lembrar desta Abigail?
Por que te vestes na noite para me olhar?
E pensar em teus lábios, teus traços, teu sorriso,
Olhos e boca de brilho imenso.
E meus olhos no peito desejado
Da alma do meu compasso, olhos nos olhos
Do teu berço por mim ansiado.
E se eu morrer? A morte talvez me desse
O teu colo, os seios e o berço tão aclamados.
O sangue derramado não me faria um derrotado.
Apenas mais um sonho de uma louca mulher
De pensamentos e coragem por mim almejados.
Será tão pouco... a lua não verei por
Toda a noite, mas em teus braços quero
Ver a eternidade da fatalidade e do amor.
(Ismael Júnior, 20/07/05).
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