Quão podre somos quando o amor à carne abandona.
O calor do corpo desaparece entre a suadeira
E toda aquela carne até então lisa, ríspida,
Transformasse na mais perfeita putrefação da vida.
A morte consome de forma absoluta tudo que desvirila
Sobre o monte da carniça que nosso cérebro sustenta.
Entre os bichos a comer aquela enorme ferida
Deixa apenas a carcaça, vazia, sem lembranças e marcas
Da trajana criatura do mundo dos entregados.
É uma visão tão avassaladora que os olhos choram.
Sobreviverei a aquela carniça, deixando no rosto dos outros
Uma impressão de nojo, mesmo vendo o tosco corpo seu
Em estado que tal bichos também devorarão, sem ódio
Ou vingança, aquela carne branca, cosmicida e sem alma,
Para que a terra o enriqueça de lembranças e desvelo
De tudo aquilo que pensam e para tudo aquilo que lutam
Imaginando não acreditar que o seu corpo um dia
Não estará por traz de toda a orgia que os bichos encaram
Aquela bela massa.
(Ismael júnior, 09/06/08).
Nenhum comentário:
Postar um comentário