Ismael Leite de Almeida Júnior

Minha foto
Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Para que a terra o enriqueca de lembrancas de desvelo...

Quão podre somos quando o amor à carne abandona.
O calor do corpo desaparece entre a suadeira
E toda aquela carne até então lisa, ríspida,
Transformasse na mais perfeita putrefação da vida.

A morte consome de forma absoluta tudo que desvirila
Sobre o monte da carniça que nosso cérebro sustenta.
Entre os bichos a comer aquela enorme ferida
Deixa apenas a carcaça, vazia, sem lembranças e marcas
Da trajana criatura do mundo dos entregados.

É uma visão tão avassaladora que os olhos choram.
Sobreviverei a aquela carniça, deixando no rosto dos outros
Uma impressão de nojo, mesmo vendo o tosco corpo seu
Em estado que tal bichos também devorarão, sem ódio
Ou vingança, aquela carne branca, cosmicida e sem alma,

Para que a terra o enriqueça de lembranças e desvelo
De tudo aquilo que pensam e para tudo aquilo que lutam
Imaginando não acreditar que o seu corpo um dia
Não estará por traz de toda a orgia que os bichos encaram
Aquela bela massa.

(Ismael júnior, 09/06/08).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...