Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

sábado, 9 de abril de 2011

Como se...

Como se o tempo elevasse a tristeza.
Como se a luz escondesse o falante.
Como se a chama recortasse a beleza.
Como se a vida formasse em ganglionite.
.
E tudo continuaria místico,
O tempo, a luz, a chama, a vida.
Sem face, sem laços, sem prognóstico.
E todos se transformassem em homicidas.
.
Como se os olhos estivessem enganados.
Como se as velas queimassem sem chorar.
Como as noites em horrendos fados.
Como as estrelas que não param de hospedar.

Eu teria tudo para contemplar, a seiva,
O rosto, o entardecer.
Mas tu, ficara turva,
Como se eu estivesse a crer
Que não mais lhe sentiria.

(Ismael Júnior, 20/08/98).

A petulancia dos que aparentam...

A petulância dos que aparentam
Ver na dor a raiva, sem semelhança;
Aquela figura que os brejos encanta;
Fazendo lanças para a armadilha da lembrança.

Sem temer o sombrio, mesmo triste,
Fervendo a maldita casca da mortalha
Quase seca no olhar dos homens. Fizeste
Iludir a parte da mordaça que entalha.

Mesmo estando morto, mesmo sendo fraco.
Mesmo sem o gosto, fujo do acaso.
Que não mintas mais ao olho; ao passado.

Sem a consciência oh pobre criatura!
O que será dos teus passos lentos
Que a minha grande loucura buscará ao vento?

(Ismael Júnior, 11/07/2006).

A pedra fria.

A tristeza... bela pedra de gesso.
Lembra meu coração, tão frio; duro;
Louco para oferecer-lhe esta pequena lápide.
Marca a vida que a nós nunca expresso.

Prefiro a morte a este engraçado
Sentimento entalhado nesta parede de saudade.
Canalizado em teus labirintos palavras de maldade.
Chorar, e não perder este imenso teto fado.

Em meus olhos – teus lábios bêbados,
De sangue e paixão que o coração enxerga.
O imenso negro das florestas e das noites

Refloresce no jardim do meu desvelo.
Ofereço-lhe o maior presente sórdido,
Meu coração em pedra para teu castelo entristecer.

(Ismael Júnior, 08/02/2006).

Solto ao vento corro eu, junto as petalas!


Às vezes desespero, outras tantas suicido;
Quase sempre enlouqueço, queira eu iludido.
Com olhos chafalhão, cênicos e desiludidos.
Coisa minha essa desgraça, esse chafurdo.
           
Eu! Empoeirado pelo tempo – triste feito espinho.
Seco como a rosa murcha, morta e sem textura
Que a beleza arremessou na areia para o fim do ninho.
Sem forma, nem cheiro, sem força nem fervura.

Solto ao vento corro eu, junto às pétalas.
Mancho meus pés de selva, de trevas, de ura.
Para sempre enrrustido no penitente das brenhas.

Que não vê a lua com beleza; Fadas com angústia.
Molha os jardins dos campos com lágrimas,
Germinando sonhos e traz da terra ignorância.

 (Ismael Júnior, 1998).

Sem face, sem alma, sem coracao; vazio de amor.

E assim passaram-se os anos...
Tanto amor guardado que se modificou,
Afogando em mágoas aquele pequeno ser.

E o martelo da solidão vem batendo em seu peito
Feito sopro deixando a luz do dia uma loucura.
A pacificidade trasnformou-se em pesadelo!

O olhar cheio de lágrimas, de vazio, tomou
O veneno do abandono; tateou todo o corpo,
E foi destruindo aos poucos aquele anjo.

Afastado do sonho e junto à terra seca
Que o chama a todo instante
Lembrando-o que sem amor nas veias
A morte o arrasta para o escuro da terra.

E a terra corta-lhe a carne, ficando aos poucos
Sem face, sem alma, sem coração; vazio de amor.

(Ismael Júnior, 14/06/08).

Onde farei lembranca que a nuvem branca esqueceu

Por tantos medos, por tão pouca inocência,
Vivo esquecendo até o lábio, que preciso para o beijo.
Isso continua a matar a sede que a ignorância
Ainda planta no cemitério que habita o meu desejo.

Mesmo assim, pobre de mim, pedaço pequeno,
Prematuro veneno que abriga a maldita lembrança da sombra.
Sempre próxima da herança, de um poderoso “heleno”
Que habita algo errado, que não finge nem penumbra.

Viverei assim? Da sombra? De loucuras?
Pensarei assim? Em trevas? Em cinzas?
Terei isso? Mesmo morta? Apenas para olhar?

Onde ficou o céu quando o olho não enxergava luz?
Onde deixo marcas em um solo sem caminhos?
Onde farei lembrança que a nuvem branca esqueceu?

(Ismael Júnior, 29/11/2006).

Nao quero ser sua verdade ou mediocridade...

Chamem aos deuses das trevas para falar-lhes
Sobre o mundo e o mal que resplandece.
Quem fala aos deuses sem mentir
Ou chorar? Meus ouvidos não aprendem.

Sou tolo o bastante por saber que nesta mente
Gente mente, gente sente. E, não quer ver no mundo
Esse monstro chamado morte; essa dor ofensiva
Revestida de risos na constante fronte dos seus deuses.

Qual mentira posso levar ao meu lado para viver?
Escolha uma doença para tentar fazer seu mau se esconder.
Prefiro não ser visto pelos que escondem a saída.

Não quero ser sua verdade ou mediocridade.
Esqueçam que existo, pensem que aflitos estarão todos
E maldito será dito sempre que procurar a verdade.

(Ismael Júnior, 13/09/2005).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...