Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

sábado, 9 de abril de 2011

Sem face, sem alma, sem coracao; vazio de amor.

E assim passaram-se os anos...
Tanto amor guardado que se modificou,
Afogando em mágoas aquele pequeno ser.

E o martelo da solidão vem batendo em seu peito
Feito sopro deixando a luz do dia uma loucura.
A pacificidade trasnformou-se em pesadelo!

O olhar cheio de lágrimas, de vazio, tomou
O veneno do abandono; tateou todo o corpo,
E foi destruindo aos poucos aquele anjo.

Afastado do sonho e junto à terra seca
Que o chama a todo instante
Lembrando-o que sem amor nas veias
A morte o arrasta para o escuro da terra.

E a terra corta-lhe a carne, ficando aos poucos
Sem face, sem alma, sem coração; vazio de amor.

(Ismael Júnior, 14/06/08).

Onde farei lembranca que a nuvem branca esqueceu

Por tantos medos, por tão pouca inocência,
Vivo esquecendo até o lábio, que preciso para o beijo.
Isso continua a matar a sede que a ignorância
Ainda planta no cemitério que habita o meu desejo.

Mesmo assim, pobre de mim, pedaço pequeno,
Prematuro veneno que abriga a maldita lembrança da sombra.
Sempre próxima da herança, de um poderoso “heleno”
Que habita algo errado, que não finge nem penumbra.

Viverei assim? Da sombra? De loucuras?
Pensarei assim? Em trevas? Em cinzas?
Terei isso? Mesmo morta? Apenas para olhar?

Onde ficou o céu quando o olho não enxergava luz?
Onde deixo marcas em um solo sem caminhos?
Onde farei lembrança que a nuvem branca esqueceu?

(Ismael Júnior, 29/11/2006).

Nao quero ser sua verdade ou mediocridade...

Chamem aos deuses das trevas para falar-lhes
Sobre o mundo e o mal que resplandece.
Quem fala aos deuses sem mentir
Ou chorar? Meus ouvidos não aprendem.

Sou tolo o bastante por saber que nesta mente
Gente mente, gente sente. E, não quer ver no mundo
Esse monstro chamado morte; essa dor ofensiva
Revestida de risos na constante fronte dos seus deuses.

Qual mentira posso levar ao meu lado para viver?
Escolha uma doença para tentar fazer seu mau se esconder.
Prefiro não ser visto pelos que escondem a saída.

Não quero ser sua verdade ou mediocridade.
Esqueçam que existo, pensem que aflitos estarão todos
E maldito será dito sempre que procurar a verdade.

(Ismael Júnior, 13/09/2005).

Mais uma criatura que a sombra me liberta...

E assim continua nossa sina.
A maldade do álcool, a carência da companhia.
A crueldade tão sujeita a momentos de podridão
Das palavras, das fronteiras da escuridão.

São apenas os olhos que me dizem o encanto,
Como pranto, mergulham petrificados em minh’alma.
E tão solitária, e tão concreta, que da profundidade
Do meu terror, acaba-se nos braços das libélulas.

Mais uma criatura que à sombra me liberta
Do consumo, do tormento das suas doenças.
Não... Não será tão profana. Sim, obscena.

Sim... Problema para a desaceleração do pulso,
Para a palidez da alma e do coração - tão duro
Como a pedra imagética da minha solidão.

(Ismael Júnior, 28/07/05).

De vazio e cegueira na estrada sonolenta.

O taciturno e as luzes se encontram;
O desespero e o horror se afugentam;
O medo e o pesadelo se unem
Na hora do fogo e da desilusão.

Tudo nascendo do vento ao porão;
Do extremo sofrimento que a mão acaricia.
Fazes tu da cama o esconderijo,
A sombra o companheiro e a miragem.

No escuro da fantasia que os olhos guiam,
Sem algoz, por feroz, por felino.
Ser o bandido que o ombro acalenta,
De vazio e cegueira, na estrada sonolenta,

Atropela a mordaça da sentença.
Então, qual dos loucos padece?
Quem das bocas atormenta? Quem sustenta?
Sou feliz e mórbido pelo acaso,
De ficar como louco no pequeno gole da tormenta.

(Ismael Júnior, 2007)

... olhos negros de pecado.

Sinto aos meus ouvidos um doce grito corromper,
Arranhar os tímpanos dessa cabeça. Escorrer
Loucuras trêmulas pela boca. Arrasta amarguras,
Crateras, larvas, horrores entre rios de dissolutos desejos fulgás.

Que treva tão ardente! Beijo e silêncio queimando o vazio.
Fervendo o crânio – lúgubre realidade. A carne treme no corvário.
Suplica a maldade – doce pranto de compaixão. Com fremência
O pobre homem que a carne crema, no porão remoto da falência.

Morfina, veia, mente; loucura agora, sempre viva, mancha cadavérica.
Mortalha, calmaria, violento, nas suplicas que o corpo meu cresceu... Covarde.
Banho saudade, no corpo deleita piedade, morta sem sonhos na decadência...

... Olhos negros de pecados nus, carne seca pelo calor do medo!
Pondo na mente a dor da semente plantada por mim...
Faz do crânio o celeiro onde ponho fogo, mesmo sem luz, desfalecido.

(Ismael Júnior, 28/11/2005).

De Cinzas, fumaça, lendas, florestas... desesperança.

As cinzas, a brisa, às mágoas, a chama.
Os olhos, o rosto, as facas, o sofrimento.
As pálpebras, a lua, as dores, a cama.
Os dedos, o medo, os ossos, o encantamento.
           
As cinzas, a lembrança, as pessoas, a fumaça.
Os estalos, o desejo, os gritos, o desespero.
As cabeças, a labareda, as chamas, a mudança.
Os olhares, o temor, os encantos, o cheiro.

A chama exala o amor do meu deslumbramento,
Os outros fingem sofrer com o desaparecimento.
E o ego da sobrevivência mata cada um por dentro.

Não tem medo da dor, não podia ver no ardor
Das chamas que atravessa o corpo para uma tempestade,
De cinzas, fumaça, lenda, florestas e desesperança.

(Ismael Júnior, 2005).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...