Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

domingo, 10 de abril de 2011

Um pequeno pedaco do seu mundo.

Falo aquilo que não sei,
Ouço muito o que não digo,
Imagino coisas que não faço,
Sobrevivo a tudo que personifico.

Não me envergonha dizer que sou mudo;
Sequer então surdo.
Dá no mesmo.
E mesmo sem poder fazer aquilo que mereço
Choro lamentando os vícios desumanos.

Caprichos dos sonhos?
Marchas de loucuras?
Brenhas entre letras?
Luzes entre o negro?

Faço aquilo que imagino,
Tenho tudo que procuro.
Mesmo me sentindo vazio
Nunca tive nessa vida senão
Um pequeno pedaço do seu mundo.

(Ismael Júnior, 30/05/2008).

Entre a alma e os escombros do passado.

Os Santos olhos em meus ombros
Trás certezas que o lado escuro e bêbado
Serve de sermão para o triste ser absorvido
Entre a alma e os escombros do passado.

Sendo assim uma pequena pureza,
Entre sopros de veneno e mordidas
De delírio, entre o sôfrego engano
E o cósmico lugúbrio da tristeza áspera
Que arrepia com destreza o doce ser.

O simples olho de misericórdia
Dentro do pequeno mundo de discórdia
Das certezas e incertezas do óbvio.

Que ilumina a morbidez da clareza,
A tristeza do sorriso no algoz da fereza
De ombros largos e pesados de escárnios.

(Ismael Júnior, 29/07/08)

Em teus bracos estarei a delirar... sonhar.


Vejo a morte em meu ombro lamentar.
Quantas vezes em teus braços hei de estar?
Sinto em teus lábios meu nome desejar
E de repente nos ouvidos sussurrar.

Continuo parado e a noite pensa em me jogar.
Em teus braços estarei a delirar... sonhar.
Compor sem medo para o teu mundo encantar.
Entrar no inferno e sentir o enxofre no ar.

Sentir o fogo que em mim agora está
Queimando para as trevas agradar.
Sorrir irônico e o teu corpo devorar.

O ódio que de lá irei somar, inundará
Meu corpo de chamas e na vida lembrar
Que a morte anseia em me chamar.

(Ismael Júnior, 13/09/2005).

Em mil cantos e cem poesias.

Por rios largos, olhos profundos,
A loucura caminha por ti, absurdo!!
Pandora, carne imunda, dor nos olhos,
Pequena parte da atmosfera do submundo.

Nessa mesma arte, dessa mesma crença
Cresce meu eu - violento, demente, suicida.
Morrem todos - por pura ilusão da vida -
Em mil cantos e cem poesias,

Em dez pés e doze moléstias...
Vive eu. Vivo como criatura
De olhos largos e boca carnuda.

E na noite sonhas tu, que derramas
Da própria lente, o beijo ardente
Do prazer, da loucura, do terror.

(Ismael Júnior, 12/08/05).

E tudo aquilo que desejo no seu sono.

Não quero ser apenas aquele, que interno,
Mostra a lastima do sentimento tramposo;
Antes que o mundo pudesse trazer o noturno;
Certo que a lágrima era um pequeno tumulto.

De sonho, desejo; ou algo que talvez você não interprete
Da mesma forma que poderia ter um destino sôfrego.
E quando pensava, vinha um terno pecado valetudinário.
A lucidez mostra-lhe a loucura do belo dedo errante.

Corro! Morro! De prélio, de murmúrio,
Na beira do corvário, pois sei que morrerei
Antes mesmo que imagine o pequeno talho.

Aí, o sangue; a dor; o medo; o Tântalo.
A carne que a saliva não enflora.
É tudo aquilo que desejo no seu sono.

(Ismael Júnior, 23/09/08).

E que chorem os homens; os esfomeados.

Terei sono diante da morte...
Terei medo da dor demente...
Terei o vinho como meu consolo,
E a voz do meu amor como sopro

De saudade, de maldade sobre o sono.
De desdém com o sopro, endemoniado,
Feito cão ao ódio dominado, querendo
Morder a carne como o esfomeado.

Devoraria a vida por querer ser rei.
Morderia o seio feito brumas, eu sei.
Mas não quero a vida. Que adorno...
Que sufoco. Sou mortiço, sou soprano.

E nos seus ouvidos solto o canto
Das verozes aventuras desse coração,
Duro feito santo, morto à danação...
E mais cedo que o entardecer, o pranto...

Há mais cegueira que carniça – carcaça,
Há mais fome, mais desgraça - descrença.
Há mais ódio que mentiras. E na carência
Há tanta briga, feitiço, desgraça e ignorância

Nessa terra santa de tanta abominância
Faz comer da nossa destruição e extravagância.
A sede de maldade, solta na loucura da droga,
Da cachaça, na conversa engraçada do vizinho.

Mais um morto que à sua calçada
Vomita sua longa farsa, de perdido,
De bonito compasso, de coração desenhado
Feito choro de criança, feito sentimento violado.

Pela dor da sua palavra, antes dita por desgraça
Agora agita a mordaça, o paiol e a macabra
Criatura, deturpada, desvairada, obrigada à dança,
Ao moribundo canto. Balanço da sua última escultura.

Sendo assim, vou matar essa criatura sedentária,
Com seu punho de coragem, derramando o seu sangue
Nessa minha desgraça, arrastando-a solitária
Para a sepultura, o escuro, os escombros dessa muralha.

E que chorem os homens, os esfomeados.
Os pobres, que pelo asfalto, não provam o meu encanto.
Doce vida de um pequeno depressivo, odioso, desconfortado
No obscuro teto das estrelas, por todos esquecidos e humilhados.

(Ismael Júnior, 24/07/05).

E amo assim mesmo, de coracao; de odio.

Que amor cheio de desengano.
Não imagino o quanto ele sofre.
Um coração tão pequeno para
Um amor tão intenso; ermo.

Uma ilusão de vida junto
Com um colapso de juviedade.
Isso é tão grande e você tão linda
Mas não cabe no espaço eloqüente

Desse meu ciúme tão desvairado; irado.
E fico pensando como poderia
Eu fazer tanta força de amar.

Amor ingrato, amor traidor,
Amor mentiroso, amor inspirador.
E amo assim mesmo, de coração; de ódio.

(Ismael Júnior, 17/06/08).

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...