Ismael Leite de Almeida Júnior

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Aracaju, SE, Brazil
Poeta, cantor, compositor, guitarrista, apaixonado por mundos e vida.

sábado, 9 de abril de 2011

Mais uma criatura que a sombra me liberta...

E assim continua nossa sina.
A maldade do álcool, a carência da companhia.
A crueldade tão sujeita a momentos de podridão
Das palavras, das fronteiras da escuridão.

São apenas os olhos que me dizem o encanto,
Como pranto, mergulham petrificados em minh’alma.
E tão solitária, e tão concreta, que da profundidade
Do meu terror, acaba-se nos braços das libélulas.

Mais uma criatura que à sombra me liberta
Do consumo, do tormento das suas doenças.
Não... Não será tão profana. Sim, obscena.

Sim... Problema para a desaceleração do pulso,
Para a palidez da alma e do coração - tão duro
Como a pedra imagética da minha solidão.

(Ismael Júnior, 28/07/05).

De vazio e cegueira na estrada sonolenta.

O taciturno e as luzes se encontram;
O desespero e o horror se afugentam;
O medo e o pesadelo se unem
Na hora do fogo e da desilusão.

Tudo nascendo do vento ao porão;
Do extremo sofrimento que a mão acaricia.
Fazes tu da cama o esconderijo,
A sombra o companheiro e a miragem.

No escuro da fantasia que os olhos guiam,
Sem algoz, por feroz, por felino.
Ser o bandido que o ombro acalenta,
De vazio e cegueira, na estrada sonolenta,

Atropela a mordaça da sentença.
Então, qual dos loucos padece?
Quem das bocas atormenta? Quem sustenta?
Sou feliz e mórbido pelo acaso,
De ficar como louco no pequeno gole da tormenta.

(Ismael Júnior, 2007)

... olhos negros de pecado.

Sinto aos meus ouvidos um doce grito corromper,
Arranhar os tímpanos dessa cabeça. Escorrer
Loucuras trêmulas pela boca. Arrasta amarguras,
Crateras, larvas, horrores entre rios de dissolutos desejos fulgás.

Que treva tão ardente! Beijo e silêncio queimando o vazio.
Fervendo o crânio – lúgubre realidade. A carne treme no corvário.
Suplica a maldade – doce pranto de compaixão. Com fremência
O pobre homem que a carne crema, no porão remoto da falência.

Morfina, veia, mente; loucura agora, sempre viva, mancha cadavérica.
Mortalha, calmaria, violento, nas suplicas que o corpo meu cresceu... Covarde.
Banho saudade, no corpo deleita piedade, morta sem sonhos na decadência...

... Olhos negros de pecados nus, carne seca pelo calor do medo!
Pondo na mente a dor da semente plantada por mim...
Faz do crânio o celeiro onde ponho fogo, mesmo sem luz, desfalecido.

(Ismael Júnior, 28/11/2005).

De Cinzas, fumaça, lendas, florestas... desesperança.

As cinzas, a brisa, às mágoas, a chama.
Os olhos, o rosto, as facas, o sofrimento.
As pálpebras, a lua, as dores, a cama.
Os dedos, o medo, os ossos, o encantamento.
           
As cinzas, a lembrança, as pessoas, a fumaça.
Os estalos, o desejo, os gritos, o desespero.
As cabeças, a labareda, as chamas, a mudança.
Os olhares, o temor, os encantos, o cheiro.

A chama exala o amor do meu deslumbramento,
Os outros fingem sofrer com o desaparecimento.
E o ego da sobrevivência mata cada um por dentro.

Não tem medo da dor, não podia ver no ardor
Das chamas que atravessa o corpo para uma tempestade,
De cinzas, fumaça, lenda, florestas e desesperança.

(Ismael Júnior, 2005).

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Falo aquilo que não sei...

Falo aquilo que não sei,
Ouço muito o que não digo,
Imagino coisas que não faço,
Sobrevivo a tudo que personifico.

Não me envergonha dizer que sou mudo;
Sequer então surdo.
Dá no mesmo.
E mesmo sem poder fazer aquilo que mereço
Choro lamentando os vícios desumanos.

Caprichos dos sonhos?
Marchas de loucuras?
Brenhas entre letras?
Luzes entre o negro?

Faço aquilo que imagino,
Tenho tudo que procuro.
Mesmo me sentindo vazio
Nunca tive nessa vida senão
Um pequeno pedaço do seu mundo.

(Ismael Júnior, 30/05/2008).

Eu, os olhos... os outros.

O nosso mundo vive para haver desejo
De compreensão, de choque - entre as farsas,
De medo pela ânsia do pecado.
Quem te julgas pecadora trazes em ti um laço amargo.

Vives pelo sangue.
Então, por que o medo?

O desespero é o teu anjo
Fiel e que domina o teu desejo
De saciar tua vida em outras – outros loucos?
Quem te serves de angústia em troca do teu orgasmo?

Ouves e não vês,
Sentes que te dominas e não tens forças
Para reconhecer-te.

Apeguei-me a teu hábito,
Estou julgando como um sonho
No qual juro ter forças
E não mais te acordará.


(Ismael Júnior ).

Eterna obcessão

Sem saber o que pode enfrentar,
Os olhos procuram encontrar
Aquilo que tanto os atormenta
E, por milhares de anos,

Flutuam em lágrimas
Mais ardentes do seu pensar,
Ofuscado algumas vezes
Diante de sua própria imaginação.

Queimando os horizontes
De forte ganância e sede de desejo.
Nunca deixará passar

Seus sentimentos por acaso,
Os seus sonhos são os maiores
Contrastes já imaginados.

Infelizes aqueles que tentam apagá-los,
Pois padecerão diante de uma eterna obcessão.


(Ismael Júnior, )

A procura da poesia lisérgica.

E agora falo para as trevas E para a luz. Quanto da minh’alma Figurará no fogo que arde E no brilho dessa luz opaca? Meus anseios e minhas l...