Meus planos são encantos da mão
Pesada na pele da selvagem mente repugnante.
Atalha o sofrimento de teu ombro maltratado.
Amordaça tua alma de tamanho absurdo.
Farei súplicas para o pesar de o meu pensar.
Mande sobre minha sombra o poder da desbravura,
Apunhala-me pelas costas, no lado do coração,
A fim de que os olhos não acompanhem esta ação.
E a mão não sinta a presença do teu corpo
Empoeirado e desveloso, protegido pelo atrocido
Colapso nervoso. Tua boca seca de colosso,
Acorda meus sonhos enganosos, encerados;
Encenas a dança da morte para o corpo.
Aos poucos, acordo e trago
A dor e os meus prantos para o mundo.
E sobre as costelas – escadas dos meus sonhos,
Introduzes no coração teus encantos e volúpias,
Teus gemidos de injúrias e poderes de observação.
Observo o fruto gerado da tua árvore
Cheia de galhos, mortes, espinhos e ninhos
Aveludados, empalidecidos – bizarros berços de tristeza.
Meus planos não mais encantam. São pedras
Perdidas nas profundezas da minha lembrança,
Substituída pelo mórbido pensamento de desilusão:
Inocência e culpa, do mundo que imagino - sem vida,
Sem traços, opaco. E a cidade onde cresci
Agora me veste, enfraquece-me de dor e culpa.
(Ismael Júnior, 02/08/05).